Lei quer desconto em restaurantes para quem fez redução de estômago
Projeto será votado pela Câmara dos Vereadores nesta segunda-feira (7).
Proposta divide opiniões de moradores que passaram pela cirurgia.
Segundo o vereador, a proposta surgiu da vivência com pessoas que
passaram por operações bariátricas, de redução do estômago....
"Ela [a
pessoa] não chega a comer metade, então não é justo que pague o preço
total", afirma ele. Caso a lei seja aprovada, os estabelecimentos
deverão oferecer desconto ou meia-porção para os clientes que provarem
através de carteirinha ou atestado médico que passaram pela cirurgia.
Além disso, os restaurantes serão obrigados a colocar cartazes em
lugares visíveis, informando os clientes sobre o novo direito.
Alexandre Abraão Buselli, comerciante, fez a cirurgia há 5 anos, mas
gostou da iniciativa. "Acho que seria uma boa medida", afirma ele,
"Ajudaria bastante". O comerciante conta que muitos restaurantes se
recusavam a dividir um prato único em dois, ou mesmo deixar que pedisse a
meia-porção, desestimulando a sair com os amigos. "Depois da cirurgia a
gente não tem a mesma capacidade, não dá para pedir um prato inteiro
que sobra e sai mais caro", comenta, "Por isso comecei a frequentar só
restaurantes que davam a opção de dividir".
O entusiasmo de Buselli não foi compartilhado por Antônio Pereira,
proprietário do bar e restaurante Empório Villa Maria. Perguntado sobre o
projeto, Pereira se mostrou contrário. "Seria interessante para esse
paciente, para o restaurante certamente vai dar prejuízo", comenta. De
acordo com ele, caso a lei seja aprovada, os restaurantes precisariam de
um período de adaptação para reverem o tamanho das porções e calcularem
os gastos. "Não dá para ser assim, num estalo", ressalta.
Já André Gustavo Magalhães profissional da área de marketing, foi mais
categórico com sua desaprovação. "Fiz a cirurgia há 10 anos e em nenhum
momento senti essa necessidade. Não tem porque a Câmara gastar tempo com
isso, deviam pensar em saúde, em escola."
Redução de Estômago
Segundo um levantamento de dados realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), entre 2003 e 2010 o número de cirurgias de redução de estômago aumentou 375%, passando de 16 mil operações para 60 mil, em todo o país. Em Campinas, o Hospital de Clínicas da Unicamp realiza uma média de 5 a 8 cirurgias por semana, além de receber 250 pacientes para as atividades de preparo que antecedem cada cirurgia de redução.
O gastrocirurgião Élinton Adami Chaim, do Departamento de Cirurgia
Bariátrica do hospital, explica que existem dois tipos de cirurgia. "Com
a cirurgia mais restritiva o estômago fica menor e a pessoa
teoricamente ingere menor quantidade", conta, "Com uma cirurgia mais
desabsortiva as pessoas podem comer de modo normal. O paciente que faz
esse procedimento não vai comer tanto quanto comia antes, mas come igual
uma pessoa não operada."
Para o médico, o tamanho das porções oferecidas não induz
necessariamente o paciente a comer em excesso, nem mesmo a comer menos.
"A gente oferece um preparo muito grande para essa pessoa,
acompanhamento emocional, psicológico. A pessoa que quiser fazer a
cirurgia vai participar de 4 a 11 semanas dessa reeducação, então,
quando sair da cirurgia, vai estar preparada para comer normalmente".
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